Um de um par / Uno di una coppia
São 7 da manhã e o sol já arde no vidro da janela. Soltaram as galinhas, os patos ainda dormem, as andorinhas voam em círculos, e no lago delle Sirenette a temperatura é ideal. Um híbrido de peixe e mulher guarda cada uma das quatro extremidades da ponte das sereias do Parque Sempione: duas originais em ferro fundido e duas cópias em bronze. É a terceira exposição individual de Thomaz Rosa na Castiglioni, que fica há quase 5 km de distância daquela que foi a primeira ponte de ferro da Itália. Feito o traço curvado que une duas bordas de um rio ou uma rota de avião que une dois continentes, as pinturas de Rosa vêm cruzando relações entre a história da arte e seus cadernos pessoais. No meio do caminho, muitos ovos pelo chão: a casa foi invadida. Caíram do céu, foi assim que as aves pariram no sonho das sereias. Caíram e não quebraram, quicaram desenhando arcos no ar, e o barulho de plástico da bola de ping-pong – um jogo de dois, um jogo de quatro – e a dessincronia das bolinhas de gude dos desenhos animados. Eram os ovos dos patos do lago do Parque Sempione, sempre gentis à espera das migalhas dos turistas.
Thomaz Rosa está pintando céus, mas não muitos, diz que pinta poucos a cada ano. Na mudança de casa, tirou da gaveta uma caixinha de slides, fotos da janela de um avião, alguma viagem importante que alguém quis lembrar para sempre. Muitas camadas de nuvens que se confundem com penas de ganso, gema de ovo e amarelo cor de sol. Pássaros por todos os lados. E rastros. Sua pintura não admite pontos finais, prefere as vírgulas, as setas, os diagramas, está aberta às possibilidades das longas conversas que se estendem pela madrugada. Assim, vão sendo contaminadas por outras pinturas, pelo silêncio e movimento dos Suprematistas, pelo mistério dos backgrounds inabitados dos desenhos animados da Warner Bros. Cartoons. Seus céus são ecos de outros céus e pares não são cópias. Sobrepostas em camadas, as formas apenas flutuam na superfície da tela e não se sabe ao certo que peso têm, talvez o da história, o da resina endurecida ou o de um ovo vazio.
Como parte de sua pesquisa sobre os limites da percepção, mas ainda em busca de alcançar o infinito, Kazimir Malevich dedicou-se um tempo ao estudo da fotografia aérea. Em 1915 pensava na força expressiva de quadrados e retângulos como o voo de um avião em sua "Suprematist Composition: Airplane Flying", apresentada na Last Futurist Exhibition of Paintings 0.10 (zero-ten), na atual São Petersburgo. Antes, explorando o vigor das retas em múltiplas direções, havia pensado em desastres causados pela alta velocidade, tanto na terra como no céu, em "Simultaneous Death in an Airplane and at the Railway" de 1913. Mas foi em 1918, em "Suprematist Composition: White on White" que se aproximou de uma possível transcendência causada pelas vistas aéreas: o branco sobre branco, a falta de horizonte, a luz cegadora do sol mais perto.
Em Uno di una coppia encontramos distintas maneiras de exibir e ver uma pintura: na parede, como tradicionalmente são expostas, mas também em formas menos sacralizadas. Pelo chão, nos deparamos com bolinhas de ping-pong pintadas em distintas tonalidades de branco. Branco sobre branco de Malevich, mas também de Robert Ryman, Agnes Martin, Robert Rauschenberg ou até mesmo o branco de uma parede caiada. Muito cuidado ao caminhar pelo espaço para não pisar nos ovos recém chocados! Pousa sob a superfície de uma mesa alguns elementos que nos aproximam um pouco mais aos interesses de Rosa: pequenas pinturas que agora podem ser vistas desde uma outra perspectiva, desenhos, colagens, esculturas e anotações. Nessa mesma mesa está Luca e seu computador, deslocados de seu escritório habitual para o meio da exposição. Luca agora coordena a sua vida diária como galerista em meio a pousos e decolagens, entre pinturas e projeções, entre bolinhas, slides e e-mails.
A mesa é um tema recorrente na história da pintura e do Cristianismo, das reproduções da “Última Ceia”, tão comumente encontradas nas casas das avós, aos afrescos das igrejas e palácios. Nas mesas imperam a fartura de alimentos, os momentos de comunhão e os planos de traição. Nas mesas, os negócios são fechados, as flores em seus vasos repousam o seu aroma e o suor dos cotovelos mancha de amarelo as toalhas recém-lavadas. Nas naturezas-mortas, os melões, os coelhos e as garrafas de vinho são retratados como peças de um tabuleiro gastronômico, onde mesas de madeira sustentam o tempo e congelam o apodrecimento dos alimentos. O que comeu Jesus e seus apóstolos na “Última Ceia”? A cena mais famosa dessa comunhão, pintada por Leonardo da Vinci, fica há quase 5 km de distância da mesa de Rosa, no refeitório da basílica de Santa Maria delle Grazie. Mesa posta, pães ázimos distribuídos, escuta-se entre baixelas e especulações: “Porventura sou eu, Rabi?”, contesta Judas Iscariotes cinicamente ao comentário antes feito por Jesus. “Em verdade vos digo que um dentre vós, que comigo come, há de trair-me.” Alguém falseava. Um gosto amargo invadiu todas as bocas.
Do alto da escada da Via Giuseppe Luosi, número 30, o espectador pode observar os muitos níveis abaixo de seus pés: o chão, as bolinhas, as paredes, as pinturas e a mesa, esse organismo detentor de uma particular lógica interna de camadas. Um plano aéreo desde uma escala doméstica e não desde o assombro que é se perceber dentro de uma máquina que flutua sobre as nuvens. A singularidade que detém cada uma das partes de um par, o vazio ou o espaço do infinito, as pinturas de Rosa, onde as referências da história da arte e da cultura popular se mesclam às camadas de tinta, os planos e as tessituras presentes nesta exposição fazem emergir do lago Sirenette um outro Rosa, o mesmo Rosa.
Thomaz Rosa está pintando céus, mas não muitos, diz que pinta poucos a cada ano. Na mudança de casa, tirou da gaveta uma caixinha de slides, fotos da janela de um avião, alguma viagem importante que alguém quis lembrar para sempre. Muitas camadas de nuvens que se confundem com penas de ganso, gema de ovo e amarelo cor de sol. Pássaros por todos os lados. E rastros. Sua pintura não admite pontos finais, prefere as vírgulas, as setas, os diagramas, está aberta às possibilidades das longas conversas que se estendem pela madrugada. Assim, vão sendo contaminadas por outras pinturas, pelo silêncio e movimento dos Suprematistas, pelo mistério dos backgrounds inabitados dos desenhos animados da Warner Bros. Cartoons. Seus céus são ecos de outros céus e pares não são cópias. Sobrepostas em camadas, as formas apenas flutuam na superfície da tela e não se sabe ao certo que peso têm, talvez o da história, o da resina endurecida ou o de um ovo vazio.
Como parte de sua pesquisa sobre os limites da percepção, mas ainda em busca de alcançar o infinito, Kazimir Malevich dedicou-se um tempo ao estudo da fotografia aérea. Em 1915 pensava na força expressiva de quadrados e retângulos como o voo de um avião em sua "Suprematist Composition: Airplane Flying", apresentada na Last Futurist Exhibition of Paintings 0.10 (zero-ten), na atual São Petersburgo. Antes, explorando o vigor das retas em múltiplas direções, havia pensado em desastres causados pela alta velocidade, tanto na terra como no céu, em "Simultaneous Death in an Airplane and at the Railway" de 1913. Mas foi em 1918, em "Suprematist Composition: White on White" que se aproximou de uma possível transcendência causada pelas vistas aéreas: o branco sobre branco, a falta de horizonte, a luz cegadora do sol mais perto.
Em Uno di una coppia encontramos distintas maneiras de exibir e ver uma pintura: na parede, como tradicionalmente são expostas, mas também em formas menos sacralizadas. Pelo chão, nos deparamos com bolinhas de ping-pong pintadas em distintas tonalidades de branco. Branco sobre branco de Malevich, mas também de Robert Ryman, Agnes Martin, Robert Rauschenberg ou até mesmo o branco de uma parede caiada. Muito cuidado ao caminhar pelo espaço para não pisar nos ovos recém chocados! Pousa sob a superfície de uma mesa alguns elementos que nos aproximam um pouco mais aos interesses de Rosa: pequenas pinturas que agora podem ser vistas desde uma outra perspectiva, desenhos, colagens, esculturas e anotações. Nessa mesma mesa está Luca e seu computador, deslocados de seu escritório habitual para o meio da exposição. Luca agora coordena a sua vida diária como galerista em meio a pousos e decolagens, entre pinturas e projeções, entre bolinhas, slides e e-mails.
A mesa é um tema recorrente na história da pintura e do Cristianismo, das reproduções da “Última Ceia”, tão comumente encontradas nas casas das avós, aos afrescos das igrejas e palácios. Nas mesas imperam a fartura de alimentos, os momentos de comunhão e os planos de traição. Nas mesas, os negócios são fechados, as flores em seus vasos repousam o seu aroma e o suor dos cotovelos mancha de amarelo as toalhas recém-lavadas. Nas naturezas-mortas, os melões, os coelhos e as garrafas de vinho são retratados como peças de um tabuleiro gastronômico, onde mesas de madeira sustentam o tempo e congelam o apodrecimento dos alimentos. O que comeu Jesus e seus apóstolos na “Última Ceia”? A cena mais famosa dessa comunhão, pintada por Leonardo da Vinci, fica há quase 5 km de distância da mesa de Rosa, no refeitório da basílica de Santa Maria delle Grazie. Mesa posta, pães ázimos distribuídos, escuta-se entre baixelas e especulações: “Porventura sou eu, Rabi?”, contesta Judas Iscariotes cinicamente ao comentário antes feito por Jesus. “Em verdade vos digo que um dentre vós, que comigo come, há de trair-me.” Alguém falseava. Um gosto amargo invadiu todas as bocas.
Do alto da escada da Via Giuseppe Luosi, número 30, o espectador pode observar os muitos níveis abaixo de seus pés: o chão, as bolinhas, as paredes, as pinturas e a mesa, esse organismo detentor de uma particular lógica interna de camadas. Um plano aéreo desde uma escala doméstica e não desde o assombro que é se perceber dentro de uma máquina que flutua sobre as nuvens. A singularidade que detém cada uma das partes de um par, o vazio ou o espaço do infinito, as pinturas de Rosa, onde as referências da história da arte e da cultura popular se mesclam às camadas de tinta, os planos e as tessituras presentes nesta exposição fazem emergir do lago Sirenette um outro Rosa, o mesmo Rosa.
It's 7 in the morning and the sun is already blazing on the windowpane. The chickens have been set free, the ducks are still asleep, the swallows circle in the air, and at the Lago delle Sirenette, the temperature is perfect. A hybrid of fish and woman guards each of the four ends of the Sirens' Bridge in Parco Sempione: two original ones in cast iron and two bronze replicas. It's Thomaz Rosa's third solo exhibition at Castiglioni, which is almost 5 kilometers away from what was Italy's first iron bridge. Just like the curved line that connects two riverbanks or an airplane route connecting two continents, Rosa's paintings establish connections between the history of art and his personal notebooks. Along the way, many eggs on the ground: the house has been invaded. They fell from the sky, that's how the birds gave birth in the dream of the sirens. They fell and didn't break, bouncing in the air and making a plastic ping-pong ball sound - a game for two, a game for four - and the asynchrony of marbles in cartoons. They were the eggs of the ducks in the Lake of Parco Sempione, always patiently waiting for tourists' breadcrumbs.
Thomaz Rosa is painting skies, but not many, he says he paints only a few each year. During the move, he took out a slide box from a drawer, photos from an airplane window, some important journeys that someone wanted to remember forever. Multiple layers of clouds merging with goose feathers, egg yolk, and sun-yellow. Birds everywhere. And traces. His painting doesn't allow for periods, he prefers commas, arrows, diagrams, open to the possibilities of long conversations that extend into the early morning hours. Thus, they get contaminated by other paintings, by the silence and movement of the Suprematists, by the mystery of uninhabited backgrounds in Warner Bros. Cartoons. His skies are echoes of other skies, and pairs are not copies. Overlaid in layers, the shapes only float on the surface of the canvas, and it's uncertain how much weight they carry, perhaps the weight of history, hardened resin, or an empty egg.
As part of his research on the limits of perception, but still in pursuit of the infinite, Kazimir Malevich dedicated some time to the study of aerial photography. In 1915, he thought about the expressive power of squares and rectangles as the flight of an airplane in his "Suprematist Composition: Airplane Flying," presented at the Last Futurist Exhibition of Paintings 0.10 (zero-ten) in present-day St. Petersburg. Before that, exploring the force of straight lines in multiple directions, he had thought about disasters caused by high speed, both on land and in the sky, in "Simultaneous Death in an Airplane and at the Railway" in 1913. But it was in 1918, in "Suprematist Composition: White on White," that he approached a possible transcendence caused by aerial views: white on white, the absence of a horizon, the blinding light of the closer sun.
In "Uno di una coppia," we find different ways to display and see a painting: on the wall, as traditionally exhibited, but also in less sanctified forms. On the floor, we encounter ping-pong balls painted in various shades of white. Malevich's white on white, but also Robert Ryman's, Agnes Martin's, Robert Rauschenberg's, or even the white of a whitewashed wall. Be careful not to step on the freshly hatched eggs as you walk through the space! Some elements that bring us closer to Rosa's interests are placed on the surface of a table: small paintings that can now be seen from another perspective, drawings, collages, sculptures, and notes. On this same table is Luca and his computer, moved from his usual office to the middle of the exhibition. Luca now coordinates his daily life as a gallerist amidst landings and take-offs, between paintings and projections, among balls, slides, and emails.
The table has always been a theme in the history of painting and Christianity, from reproductions of the "Last Supper," so commonly found in grandmothers' homes, to the frescoes in churches and palaces. Tables abound with food, moments of communion, and plans of betrayal. Business deals are closed at tables, flowers in their vases release their fragrance, and the sweat of elbows stains freshly laundered tablecloths yellow.
In still lifes, melons, rabbits, and wine bottles are depicted as pieces on a gastronomic board, where wooden tables sustain time and freeze the decay of food. What did Jesus and his apostles eat at the "Last Supper"? The most famous scene of this communion, painted by Leonardo da Vinci, is almost 5 kilometers away from Rosa's table, in the refectory of the Basilica of Santa Maria delle Grazie. The table is set, unleavened bread is distributed, and among the dishes and speculations, one hears, "Is it I, Rabbi?" Judas Iscariot cynically replies to Jesus' comment, "Truly I tell you, one of you will betray me, one who is eating with me." Someone was deceiving. A bitter taste filled every mouth.
From the top of the stairs at Via Giuseppe Luosi, number 30, the viewer can observe the many levels below their feet: the floor and the balls, the walls and the paintings, and the table, this organism with its internal logic of layers. An aerial view from a domestic scale and not from the awe of realizing oneself inside a machine floating above the clouds. The singularity that each part of a pair holds, the emptiness or the space of the infinite, Rosa's paintings, where references to art history and popular culture merge with layers of paint, planes, and textures in this exhibition, brings forth from the Lago delle Sirenette another Rosa, the same Rosa.
Thomaz Rosa is painting skies, but not many, he says he paints only a few each year. During the move, he took out a slide box from a drawer, photos from an airplane window, some important journeys that someone wanted to remember forever. Multiple layers of clouds merging with goose feathers, egg yolk, and sun-yellow. Birds everywhere. And traces. His painting doesn't allow for periods, he prefers commas, arrows, diagrams, open to the possibilities of long conversations that extend into the early morning hours. Thus, they get contaminated by other paintings, by the silence and movement of the Suprematists, by the mystery of uninhabited backgrounds in Warner Bros. Cartoons. His skies are echoes of other skies, and pairs are not copies. Overlaid in layers, the shapes only float on the surface of the canvas, and it's uncertain how much weight they carry, perhaps the weight of history, hardened resin, or an empty egg.
As part of his research on the limits of perception, but still in pursuit of the infinite, Kazimir Malevich dedicated some time to the study of aerial photography. In 1915, he thought about the expressive power of squares and rectangles as the flight of an airplane in his "Suprematist Composition: Airplane Flying," presented at the Last Futurist Exhibition of Paintings 0.10 (zero-ten) in present-day St. Petersburg. Before that, exploring the force of straight lines in multiple directions, he had thought about disasters caused by high speed, both on land and in the sky, in "Simultaneous Death in an Airplane and at the Railway" in 1913. But it was in 1918, in "Suprematist Composition: White on White," that he approached a possible transcendence caused by aerial views: white on white, the absence of a horizon, the blinding light of the closer sun.
In "Uno di una coppia," we find different ways to display and see a painting: on the wall, as traditionally exhibited, but also in less sanctified forms. On the floor, we encounter ping-pong balls painted in various shades of white. Malevich's white on white, but also Robert Ryman's, Agnes Martin's, Robert Rauschenberg's, or even the white of a whitewashed wall. Be careful not to step on the freshly hatched eggs as you walk through the space! Some elements that bring us closer to Rosa's interests are placed on the surface of a table: small paintings that can now be seen from another perspective, drawings, collages, sculptures, and notes. On this same table is Luca and his computer, moved from his usual office to the middle of the exhibition. Luca now coordinates his daily life as a gallerist amidst landings and take-offs, between paintings and projections, among balls, slides, and emails.
The table has always been a theme in the history of painting and Christianity, from reproductions of the "Last Supper," so commonly found in grandmothers' homes, to the frescoes in churches and palaces. Tables abound with food, moments of communion, and plans of betrayal. Business deals are closed at tables, flowers in their vases release their fragrance, and the sweat of elbows stains freshly laundered tablecloths yellow.
In still lifes, melons, rabbits, and wine bottles are depicted as pieces on a gastronomic board, where wooden tables sustain time and freeze the decay of food. What did Jesus and his apostles eat at the "Last Supper"? The most famous scene of this communion, painted by Leonardo da Vinci, is almost 5 kilometers away from Rosa's table, in the refectory of the Basilica of Santa Maria delle Grazie. The table is set, unleavened bread is distributed, and among the dishes and speculations, one hears, "Is it I, Rabbi?" Judas Iscariot cynically replies to Jesus' comment, "Truly I tell you, one of you will betray me, one who is eating with me." Someone was deceiving. A bitter taste filled every mouth.
From the top of the stairs at Via Giuseppe Luosi, number 30, the viewer can observe the many levels below their feet: the floor and the balls, the walls and the paintings, and the table, this organism with its internal logic of layers. An aerial view from a domestic scale and not from the awe of realizing oneself inside a machine floating above the clouds. The singularity that each part of a pair holds, the emptiness or the space of the infinite, Rosa's paintings, where references to art history and popular culture merge with layers of paint, planes, and textures in this exhibition, brings forth from the Lago delle Sirenette another Rosa, the same Rosa.